MARXES
Nos olhares, deixados em geométricas molduras, ficam visíveis universos pessoais. Escondidos, ainda que, em alguns casos cúmplices, ficam por contar as histórias que nos unem.
O projeto MARXES começou como um exercício académico onde o retrato, despojado de artificialismos técnicos, servisse para analisar a questão "Imagem fotográfica: autoria do fotógrafo ou do fotografado?". Esta premissa trouxe várias pessoas ao estúdio (docentes, alunos e funcionários da Escola Básica Vallis Longus em Valongo). Durante as sessões não houve indicações nem interferências. "Põe-te como quiseres" foi a única sugestão para desbloquear alguma inibição perante o aparato montado. O debate à volta dos cerca de 40 retratos que resultaram desta sessão, focou-se no olhar do fotografado, no impacto da inexistência do cenário, na manipulação do aparelho fotográfico, na "pose" assumida pelo retratado.
Estas questões levaram-me para o outro lado do Rio Minho. Cheguei à Universidade de Santiago de Compostela com um cenário portátil, iluminação e um aparelho fotográfico. Procurava outras caras, outras atitudes... queria saber o que nos separava, portugueses e galegos. O que diferencia as duas MARXES? Agora, que se renova a exposição num outro espaço a "corrente" que passa entre as margens poderá levar-nos a novos retratos e, certamente, a novas explicações.
José Manuel Soares www.josemanuelsoares.net/ |